Dia 29/07 é aniversário do Berro! Para comemorar essa data tão especial, conversamos com Felipe, nosso chef, que nos contou um pouco da história do Berro nesses últimos 38 anos de existência, além de falar um pouco sobre como tem sido a experiência dele no restaurante, como é o trabalho em equipe e seus planos para o futuro. Dá uma olhada no que ele nos contou:

“O berro é uma junção da história de várias pessoas. Ele foi fundado em 1978 pelo meu tio, José Antonio (Zecão), irmão de meu pai. Ele abriu um bar em Mogi, ao qual chamou de Berro D’água, em homenagem ao Quincas Berro D’água, de Jorge Amado. Na época, o bar ficava perto da UMC e muitos estudantes frequentavam o local. Um  dia, minha avó, dona Lourdes, ouviu dos estudantes comentar que sentia saudades da comida de sua mãe, que não achava nenhum lugar com comida que nem a de casa. Ela então resolveu fazer comida para ele: arroz, feijão e bife. O moço adorou e, no dia seguinte, trouxe todos seu amigos para comer lá também.  

Aos poucos, meus avós assumiram o negócio, transformando o bar oficialmente em restaurante. Hoje, as pessoas se referem ao Berro daquela época como Berrinho. Em 1983 meus avós compraram o terreno da frente do Berrinho e fizeram o Berro, que era bem maior e muito mais confortável. Naquela época o Berro ainda era muito bagunçado, tinha poucos funcionários. Meus avós estavam meio cansados por conta da idade e do trabalho pesado, e, lá por 1985, começaram a pensar em vender o Berro.

Minha vó então chamou meu pai, o Zé Carlos, para trabalhar com ela. Quando ele entrou, profissionalizou muito o negócio e aos poucos foi assumindo as funções administrativas do Berro, menos a parte da cozinha. Isso sempre foi um desafio para ele porque a única coisa que ele sabia era experimentar os pratos e dizer se gostou, sem saber como se faz. Ele criou parcerias muito fortes com nossas funcionárias, principalmente a Manuela, a Dirce e a Rosa, que estão no restaurante desde o começo e aprenderam a cozinhar com a dona Lourdes.  

O Berro sempre serviu pratos triviais, como arroz, feijão e carnes. Lá por 1992, começaram a abrir muitos restaurantes por quilo na cidade, e isso foi outro grande desafio a ser enfrentado por nós, porque os quilos competiam muito com a gente e o Berro perdeu muitos clientes. Por isso, meu pai resolveu que precisava mudar e servir novos pratos, como os que são famosos até hoje: o filé a parmegiana, a feijoada, carne de panela, etc…Assim o berro começou a crescer de novo e atrair os clientes de volta.  

Desde criancinha eu, Felipe, sempre frequentei o Berro. E sempre disse que nunca iria trabalhar lá. Meu pai insistia muito pra que nós, eu e a Rafa minha irmã, nos interessássemos pelo restaurante e, acho que por isso, eu dizia que não tinha interesse. Ele fazia a gente limpar mesa, trabalhar no sábado, acordar cedo, e claro, eu criança e adolescente queria mais era ficar em casa, sair, dormir até meio dia. Hoje eu olho para essa época e vejo como foi bom, como fomos criando um senso de responsabilidade através do trabalho.

 Eu dava muito problema na escola, aprontava muito e às vezes era suspenso. Quando eu tomava suspensão, meu pai me colocava na cozinha como castigo, porque achava que eu não ia gostar. Mal sabia ele que eu ia virar cozinheiro! Foi assim que eu acabei pegando o gosto pela cozinha e aprendendo a mexer com comida: eu descascava xuxu, cortava rabada, salgava bacalhau, e aquilo pra mim era muito mais legal do que ficar na escola. Mas como eu era um adolescente rebelde, eu queria me diferenciar do meu pai e não seguir os passos dele.

 Passei 7 anos em São Paulo até decidir voltar pra Mogi. Nesse meio tempo fiz faculdade de publicidade e, apesar de eu falar que não queria nada com o Berro, tudo o que eu aprendia eu acabava pensando no restaurante. Além disso, trabalhei em banco, em agência de publicidade, abri uma empresa, aprendi muitas coisas que eu hoje acrescento no restaurante. A decisão de voltar aconteceu quando eu estava viajando com os amigos e passei o feriado todo cozinhando para todos. Nessa hora eu percebi o quanto eu gostava daquilo, decidi colocar a teimosia de lado e trabalhar no Berro.

 Quando eu fui trabalhar na cozinha, entrei como chão de fábrica, chegava às 6:00 da manhã para picar tomate. Foi uma experiência muito legal, eu aprendi demais com a Manuela. No começo ela teve que ter muita paciência comigo, porque eu perguntava tudo, ficava o dia inteiro atrás das cozinheiras pra ver o que elas estavam fazendo. Entrei de cabeça mesmo e me apaixonei por cozinha. Aí eu resolvi fazer minha segunda faculdade, gastronomia, e assim eu aliei os meus dois conhecimentos para tocar o Berro: o administrativo e o da culinária.

 Nesse tempo também estávamos construindo o novo Berro. Foram dois anos de trabalho para realizar a mudança. Muito planejamento, muita obra, muito trabalho mesmo, o Berro precisava se profissionalizar, estava muito antiquado e desorganizado. Quem vê o restaurante cheio hoje nem imagina a dificuldade que passamos com essa mudança. Tínhamos apenas uma semana entre o fechamento do Berro velho e a abertura do novo, levar todos os equipamento de um lado pro outro, fazer a adaptação de todos os funcionários a uma cozinha nova, estoque novo, um espaço totalmente diferente.

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Sempre acreditamos que teríamos um retorno rápido do investimento porque o Berro tem comida boa, atendimento bom, só faltava um ambiente melhor do que o anterior. Aí deu certo! Agora no dia 29 de julho vai fazer um ano que abrimos o restaurante no local novo e hoje podemos dizer que finalmente o investimento está dando retorno e o Berro está fazendo cada vez mais sucesso!

Atualmente temos novos desafios: a introdução de novos pratos no menu, a elaboração de cardápios especiais, decidir quais pratos manter e quais tirar. O menu do mês do arraial foi o primeiro cardápio assinado por mim, e fico muito feliz que tenha sido bem aceito pelas pessoas. O Berro é e sempre foi um restaurante de comidas brasileiras tradicionais, do estilo “que se come na casa da vó”, então muitas vezes encontramos resistência dos nossos clientes aos pratos novos que servimos.

 As semanas de mudança de menu são exaustivas pra todo mundo, mas valem a pena porque o Berro cresce muito com isso. As cozinheiras me ajudam demais nos novos pratos, com as ideias cheias de criatividade! A Manu, a Rose e a Dirce são as que eu já citei aqui, mas também tem a Maryana, a Luana, a Rosa, a Rosilene, a Kelle, a Elieza, a Eleni, a Silmara e a Renata! Hoje eu posso afirmar que o melhor do Berro é nossa equipe, e tendo pessoas tão batalhadoras trabalhando conosco eu sinto que podemos superar qualquer obstáculo.

 Minha maior meta agora é trazer a comida do passado pro futuro e mostrar para as pessoas que elas podem reaprender a comer, que elas não precisam comer apenas aquilo que a indústria impõe. Eu faço muita pesquisa de campo, converso com muitas avós, faço cursos sobre comida, viajo para aprender mais sobre receitas, ingredientes. Eu pego tudo o que aprendo e tento atualizar para o contexto do Berro. Para o futuro, nós pensamos em abrir um novo restaurante. Ano que vem vou começar a fazer pesquisas de mercado e, em 2019, eu gostaria de abrir uma filial do Berro em São Paulo, acho que seria muito bacana levar essa cultura de comidas tradicionais para lá.”

 

Nós da equipe de comunicação do Berro estamos tão felizes e empolgados para o futuro como o Felipe! Parabéns Berro! Que todos os seus esforços sejam recompensados e o restaurante continue alimentando cada vez mais pessoas com a sua comida tão gostosa! 😉

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